Nós sempre falamos aqui de sustentabilidade, casas e projetos sustentáveis, atitudes ecologicamente corretas e mais uma série de assuntos do tipo. Há uns dias uma pessoa nos perguntou por onde ela deveria começar se quisesse construir uma casa que fosse sustentável. Depois de explicarmos para ela, sentimos a necessidade de falar um pouco deste processo aqui no blog: QUERO CONSTRUIR, E AÍ?
Este ano nós fomos entrevistadas pela Solsist, uma empresa que trabalha com sistema de energia fotovoltaica e falamos um pouco deste assunto, se quiser ler esta matéria clique aqui.
Quais profissionais contratar?
Se a sua ideia é construir, o primeiro profissional que você deve procurar é um arquiteto. Uma boa dica é pesquisar os sites e redes sociais de escritórios de arquitetura (como o Instagram) e procurar por aqueles com experiência em arquitetura sustentável.
Este profissional além de elaborar o projeto de arquitetura pensando em soluções sustentáveis viáveis, também irá direcioná-lo para outros especialistas que vão trabalhar em conjunto tanto na execução do projeto, quanto da obra. Por exemplo, para incorporar energia solar fotovoltaica, o arquiteto pode indicar não só o fornecedor dos equipamentos, como também um engenheiro eletricista. É muito importante trabalhar com uma equipe que compartilhe a mesma visão de sustentabilidade e de construção sustentável.
Por isso o arquiteto vai procurar indicar empresas que se preocupem por exemplo, com a gestão dos resíduos da construção durante a execução da obra. Da mesma forma, o arquiteto trabalhará em conjunto com todos os outros profissionais envolvidos no desenvolvimento dos projetos complementares: estrutural, elétrico, hidráulico, telefonia, etc.
Imagem: Growth Company
Feito isso, você passará a ser orientado por estes profissionais a respeito de qual a ordem das etapas que deverá seguir.
Construção sustentável é mais cara?
Uma observação importante é sobre os custos relacionados a construção sustentável. Se você é interessado por este assunto, provavelmente já deve ter lido alguma coisa a respeito ou ouvido falar que as soluções sustentáveis são "caras", e isso acaba inibindo muita gente, porém é preciso compreender de uma forma mais ampla.
Ao pensar numa casa sustentável é importante entender que a redução de gastos é a longo prazo. Isso porque muitas vezes, as tecnologias sustentáveis podem ter um custo de investimento inicial maior, mas geram uma economia no futuro. E não necessariamente o custo de uma casa sustentável será maior do que de uma casa construída por métodos tradicionais, isso varia de acordo com o projeto, e é muito difícil de ser padronizado.
Essa relação entre o investimento e o retorno também pode variar de acordo com o porte do projeto. Um ponto importante é não avaliar somente o preço dos materiais, mas também o custo da mão de obra, o preço e a frequência da manutenção, a valorização do imóvel no mercado imobiliário e claro, a redução de gastos a longo prazo.
Até aqui, você já sabe que o primeiro passo é procurar um profissional de arquitetura sustentável e quebrar o paradigma de que "construção sustentável é cara!". Já falamos também que após este processo, o arquiteto e os demais profissionais envolvidos vão te orientar sobre as etapas.
Quais são as fases da construção?
Para você compreender de uma forma geral, vamos "te dar uma colher de chá" e explicitamos de forma bem resumida o que são estas fases:
- Antes de começar qualquer croqui, o profissional faz uma entrevista com você e os outros moradores da casa sobre quais são as suas necessidades e sonhos para este imóvel;
- É feita uma análise e um diagnóstico do terreno onde será feito a edificação, considerando toda a legislação vigente;
- A partir daí começa o desenvolvimento do projeto arquitetônico - que será destrinchado em várias fases - junto aos projetos complementares (estrutural, elétrico, hidráulico, topográfico, fotovoltaico...);
- Aprovação do projeto mediante a Prefeitura ou órgão responsável, quando necessário;
- Finalmente, começa a obra
Imagem: Montagem feita pela M2 Arquitetura
Quais são as soluções sustentáveis mais utilizadas em residências?
Após conhecer todo o processo e saber como você deve começar, vamos falar um pouco de quais os tipos de opções existem para aplicar a sustentabilidade em casa. São inúmeras soluções que vão desde medidas simples como torneiras economizadoras até os sistemas de energia fotovoltaica ou de reaproveitamento de água (que nós já até fizemos um post a respeito, veja aqui). Listamos alguns deles a seguir:
Instalação de um sistema de energia fotovoltaica
Uma energia produzida a partir de um sistema de placas solares que são instaladas na cobertura da casa e de forma simplificada, reagem com a luz do sol e produzem a energia fotovoltaica que posteriormente, a partir de um equipamento chamado inversor solar, é convertida em energia elétrica.
Aquecimento solar da água
Pode ser trabalhado em conjunto ou não com a energia fotovoltaica e diminui a necessidade do uso dos chuveiros elétricos.
Iluminação e Ventilação
Os condicionantes de iluminação e ventilação naturais devem ser trabalhadas desde a concepção do projeto e definidas conforme as condições climáticas do local, a implantação da edificação e alguns outros determinantes, que contribuem para a redução tanto da iluminação artificial quanto do condicionamento de ar.
Para a iluminação artificial é importante a especificação de lâmpadas com maior durabilidade, que são mais eficientes e reduzem o consumo elétrico. As lâmpadas de LED, por exemplo, são uma ótima opção para ambientes internos.
Associado à escolha das lâmpadas e luminárias, é válido considerar o sistema de automação de iluminação, que controlam os circuitos que vão ser acesos simultaneamente, o tempo que as luzes ficam acesas e a sua intensidade.
É essencial procurar eletrodomésticos e equipamentos elétricos que tenham boa eficiência energética. Para isso, o ideal é observar a classificação da etiqueta PROCEL, que vai de A (mais eficiente) a G (menos eficiente).
Materiais da cobertura e fachadas
Tem grande influência na redução do consumo de energia, uma vez que melhoram o conforto térmico do ambiente interno.O telhado verde, por exemplo, tem uma atuação considerável na criação de um ambiente interno de temperatura mais amena, uma vez que a cobertura absorve menos calor.
Ainda considerando a edificação em si, alguns sistemas de telhado verde conseguem captar parte da água da chuva para reutilização em outras atividades ou na própria irrigação do telhado. Além disso, os telhados verdes tem uma importância na escala urbana, pois contribuem para a melhoria da qualidade do ar, ajudam a diminuir o efeito das Ilhas de Calor e as enchentes, porque absorvem parte da água da chuva. Porém, vale lembrar que esses efeitos só são alcançados quando utilizados em larga escala nas cidades.
Sistemas para redução do consumo de água
Os sistemas de captação de água da chuva e de reaproveitamento das águas cinzas – água não contaminada com dejetos, que pode ser coletada para utilização, por exemplo, na irrigação de jardins.
Para os banheiros existe a tecnologia dos vasos com descarga à vácuo e com dual flux (dois fluxos de água) que reduzem o consumo de água. Dentro dos produtos economizadores para as áreas molhadas (banheiro, cozinha, área de serviço) ainda existem os arejadores e restritores de torneiras, que economizam até 85% no fluxo de água.
Viu só? Lembrando mais uma vez que estas são algumas alternativas e a escolha de quais você irá adotar, será uma discussão entre você e os profissionais que você contratou, eles irão orientá-lo (a) e direcioná-lo (a) para as melhores soluções.
Ufa! Acho que depois desse conteúdo você já tem uma noção de como deve se orientar ao optar por construir, não é mesmo?! Se ainda tiver alguma dúvida, entre em contato com a gente! Vamos adorar poder ajudar!